Canal do Panamá comemora 25 anos de gestão nacional sob ameaça de Trump
Canal do Panamá comemora 25 anos de gestão nacional sob ameaça de Trump
Cidade do Panamá, 31 dez 2024 (Lusa) – O Canal do Panamá comemorou hoje 25 anos de gestão nacional, numa cerimónia marcada por um minuto de silêncio em homenagem ao antigo Presidente norte-americano Jimmy Carter, e pela ameaça de Trump de apoderar-se da rota.
A cerimónia, de acordo com o relato da agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), decorreu nos jardins da sede da Autoridade do Canal do Panamá (ACP), junto à via navegável, na presença do presidente panamiano José Raul Mulino e de centenas de convidados, entre os quais a antiga presidente do país Mireya Moscoso, que recebeu simbolicamente o canal das mãos de Jimmy Carter, a 31 de dezembro de 1999.
“Hoje, sentimos a mesma emoção” de há 25 anos, disse Mireya Moscoso em declarações à AFP, nas quais lembrou que depois de assinar os documentos de transferência do canal, o Presidente Carter disse-lhe “é vosso” e a então presidente não conteve as lágrimas.
Construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, o Canal do Panamá passou para o controlo deste país no final de 1999, ao abrigo de tratados assinados em 1977 pelos presidentes da altura, o americano Jimmy Carter e o líder nacionalista panamiano Omar Torrijos.
Apesar da alegria da comemoração de 25 anos de soberania panamiana sobre o canal, o Presidente Mulino afirmou: “A tristeza invade-nos após a morte de Jimmy Carter” no passado domingo, aos 100 anos de idade.
Foi observado um minuto de silêncio em homenagem ao antigo Presidente democrata, aclamado em todo o mundo pelo seu empenhamento na paz e nos direitos humanos.
“Com a assinatura dos tratados Torrijos-Carter, os panamianos comprometeram-se, enquanto nação, a explorar o canal em condições de segurança para os navios de todas as nações, em tempo de paz e de guerra, e sem qualquer discriminação”, recordou o presidente da ACP, Ricaurte Vasquez.
Nenhum dos discursos fez qualquer referência direta ao Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que deverá tomar posse a 20 de janeiro, e que provocou a indignação dos panamianos ao ameaçar recentemente apoderar-se da rota interoceânica de 80 km de comprimento se as taxas para os navios americanos não fossem reduzidas, e ao sugerir que a China está a exercer uma influência crescente no país.
Esta via interoceânica, por onde passa 5% do comércio marítimo mundial, vale 6% do PIB do Panamá e 20% de sua receita fiscal.
MBA // SF
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