Pelo menos 80 pessoas morrem na Colômbia após suspensão das negociações de paz
Pelo menos 80 pessoas morrem na Colômbia após suspensão das negociações de paz
Bogotá, 20 jan 2025 (Lusa) – Mais de 80 pessoas morreram devido à violência no nordeste da Colômbia durante o fim de semana, após a suspensão das negociações de paz entre o Governo e a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN).
William Villamizar, o governador de Norte de Santander, onde ocorreram muitos dos assassinatos, disse que outras 20 pessoas ficaram feridas na violência, que obrigou milhares de pessoas a fugir das suas casas.
Entre as vítimas mortais estão o líder comunitário Carmelo Guerrero e sete dirigentes que tentavam assinar um acordo de paz, de acordo com um relatório divulgado por uma agência governamental no sábado à noite.
As autoridades disseram que os ataques ocorreram em várias cidades localizadas na região de Catatumbo, perto da fronteira com a Venezuela, tendo sido raptadas, pelo menos, três pessoas que faziam parte das conversações de paz.
Milhares de pessoas fugiram da região, algumas escondendo-se em montanhas próximas ou procurando ajuda em abrigos governamentais.
As autoridades estão a preparar-se também para enviar 10 toneladas de alimentos e kits de higiene a aproximadamente cinco mil pessoas deslocadas nas comunidades de Ocaña e Tibú.
A violência aconteceu depois do Presidente da Colômbia anunciar, na sexta-feira, a suspensão das negociações de paz com a guerrilha do ELN, após um dia de violência, marcado pela morte de cerca de 30 pessoas na fronteira com a Venezuela.
“O que o ELN está a fazer na região de Catatumbo são crimes de guerra. É por isso que estamos a suspender o diálogo com este grupo, porque o ELN não demonstra vontade de fazer a paz”, afirmou Gustavo Petro, na rede social X.
Desde quinta-feira que os rebeldes do ELN e os dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) lutam em Catatumbo, que alberga mais de 52 mil hectares de coca plantada, disse Villamizar, em declarações à estação local Blu Radio.
Os confrontos devem-se a “uma disputa territorial” entre o ELN e fações dissidentes das antigas guerrilhas das FARC pelo controlo da produção de cocaína na zona, disse Villamizar.
O acordo de paz de 2016 com o grupo guerrilheiro marxista FARC, então o grupo guerrilheiro mais poderoso da América Latina, ajudou a reduzir a violência na Colômbia durante algum tempo.
Mas o conflito interno voltou a intensificar-se nos últimos anos devido às operações dos grupos dissidentes das FARC, das guerrilhas ‘guevaristas’ do ELN e do cartel de drogas Clã do Golfo, entre outros grupos armados.
Gustavo Petro iniciou negociações com o ELN no final de 2022, depois de se ter tornado o primeiro Presidente de esquerda da Colômbia.
Na quinta-feira, o enviado especial das Nações Unidas para a Colômbia, Carlos Ruiz Massieu, condenou o assassínio na zona de Catatumbo de cinco ex-combatentes do extinto grupo guerrilheiro FARC, que depuseram as armas após o acordo de paz de 2016.
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