Zelensky aponta mínimo de 200 mil soldados europeus para garantir trégua com Rússia
Zelensky aponta mínimo de 200 mil soldados europeus para garantir trégua com Rússia
Davos, Suíça, 22 jan 2025 (Lusa) – O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, indicou um mínimo de 200 mil soldados europeus para garantir a segurança do seu país numa trégua com a Rússia e para evitar uma nova invasão, segundo um vídeo divulgado hoje por Kiev.
“Duzentos mil é um mínimo. É um mínimo. Caso contrário, não é nada”, disse Zelensky na terça-feira durante a reunião anual do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, numa declaração hoje revelada no ‘site’ presidencial ucraniano.
Esta é a primeira vez que um responsável ucraniano aponta publicamente um número para um contingente estrangeiro, enquanto esta ideia tem sido discutida nos bastidores há vários meses entre Kiev e os seus aliados ocidentais.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, lançou a ideia de estacionar tropas ocidentais na Ucrânia para supervisionar um possível acordo de cessar-fogo com a Rússia, que invadiu o seu vizinho ucraniano há quase três anos e ocupa hoje cerca de 20% dos territórios no leste e no sul do país.
Há semanas que crescem as especulações sobre possíveis negociações para pôr fim ao conflito, entre a incógnita sobre a posição que o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, irá adotar, uma vez que Washington é o principal fornecedor de ajuda militar e financeira a Kiev.
Trump disse na terça-feira que novas sanções contra a Rússia seriam prováveis se Moscovo não negociasse o fim da guerra contra a Ucrânia, ao mesmo tempo que indicou que os Estados Unidos vão analisar a continuação da ajuda militar a Kiev.
Por seu lado, a partir de Davos, Zelensky sustentou que o Presidente americano poderia aplicar “sanções totais” contra a Rússia, em particular o seu setor energético, e “dar à Ucrânia todas as armas que pedir” para ameaçar o líder do Kremlin, Vladimir Putin.
“Exceto, claro, as armas nucleares, somos pessoas sensatas”, acrescentou o Presidente ucraniano.
Antes da sua tomada de posse, na segunda-feira, Donald Trump disse estar a preparar uma reunião com o homólogo russo para encerrar o conflito.
“Não me surpreende que os Estados Unidos tenham contactos com Putin”, comentou Zelensky, mas a Ucrânia deve ser “uma prioridade” para o Presidente norte-americano, justificando que Kiev é um aliado de Washington e que o seu país é a vítima e Putin o ocupante e o iniciador do conflito.
Acabar com a guerra que fez dezenas de milhares de mortos de ambos os lados e devastou a Ucrânia “será muito difícil para o Presidente Trump”, alertou Volodymyr Zelensky.
“Todos devemos compreender que Putin não quer acabar com a guerra”, prosseguiu, porque não atingiu “o seu objetivo essencial, a independência da Ucrânia”, e “destruí-la é o sonho dele”.
A Ucrânia, advertiu também o líder ucraniano, “não reconhecerá” os territórios ocupados como russos, “mesmo que todos os aliados se unam” para o exigir, ao mesmo tempo que sugeriu que poderia concedê-los por um prazo e apenas para interromper as hostilidades.
“Não haverá perdão, nem reconhecimento legal, mas devemos fazer tudo para pôr fim à fase quente da guerra”, disse ainda Zelensky.
HB // APN
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