Relatório: Canadianos com cancro rejeitam tratamento devido a custos elevados
Relatório: Canadianos com cancro rejeitam tratamento devido a custos elevados
Um relatório da Canadian Cancer Society, publicado a 9 de dezembro, em parceria com a Statistics Canada e a Public Health Agency of Canada, com análise da Canadian Partnership Against Cancer, sobre o custo económico do cancro, para o sistema de saúde, mas também para o doente, indicou que alguns doentes com cancro podem renunciar aos cuidados de saúde devido aos elevados custos relacionados com o tratamento.
Um estudo canadiano sobre o cancro, publicado na revista Current Oncology em 2024, revelou que os doentes com rendimentos familiares inferiores a 50 mil dólares por ano têm mais probabilidades de renunciar aos cuidados de saúde e de declarar dificuldades financeiras acrescidas. Estes doentes declararam gastar uma média de 34% do seu rendimento mensal em custos relacionados com o cancro.
Segundo o relatório, o cancro no Canadá deverá custar 37,7 mil milhões de dólares aos sistemas de saúde, às pessoas com cancro e aos seus prestadores de cuidados em 2024. O sistema de saúde paga 80% destes custos – pouco mais de 30 mil milhões de dólares – e os doentes suportam 7,5 mil milhões de dólares, cerca de 20%.
Embora o sistema de saúde público do Canadá cubra os custos hospitalares, incluindo a quimioterapia e a radioterapia, os doentes continuam a pagar alguns medicamentos sujeitos a receita médica e as despesas de deslocação.
Em média, 70% dos medicamentos contra o cancro são cobertos por programas provinciais no Canadá. Os medicamentos oncológicos para tomar em casa são totalmente cobertos em Manitoba, Saskatchewan, Alberta e British Columbia (B.C.), mas não em Ontário e no Canadá Atlântico, de acordo com o site do Governo federal. O Quebec oferece cobertura, mas alguns doentes têm de pagar uma franquia baseada nos rendimentos.
Foi ainda salientado, também, o custo do tempo perdido nas deslocações para as consultas e a perda de rendimentos durante o tratamento e a recuperação.
Os médicos e os peritos em políticas de saúde afirmaram que estes custos tornam ainda mais difícil lidar com uma doença complexa, afetando de forma desproporcional os doentes com rendimentos baixos e fixos, bem como os que vivem em comunidades rurais e remotas, longe dos locais de tratamento do cancro.
A Sociedade Canadiana do Cancro, bem como alguns grupos específicos de luta contra o cancro, oferecem ajuda financeira para compensar os custos relacionados com as viagens. No entanto, os defensores de saúde sugeriram ser necessário que os governos federal e provincial intervenham para ajudar a colmatar o défice de equidade.