Política: Futuro de Trudeau enquanto primeiro-ministro é incerto
Política: Futuro de Trudeau enquanto primeiro-ministro é incerto
O primeiro-ministro Justin Trudeau enfrentou deputados frustrados numa reunião do partido agendada à última hora, na segunda-feira, 16 de dezembro, na sequência da decisão de Chrystia Freeland de se demitir do Governo, pouco antes de apresentar a muito aguardada declaração económica de outono.
Cerca de 15 deputados usaram o seu direito à palavra para se dirigirem a Trudeau, tendo a maioria dos oradores afirmado que Trudeau tem de se demitir depois de ter gerido mal a sua relação com Freeland. O deputado liberal de Ontário, Francis Drouin, que anteriormente apelou em defesa da não destituição de Trudeau, mudou de ideias e juntou-se aos que defendem a demissão do líder.
Também Jody Wilson-Raybould, uma antiga ministra liberal que deixou o governo em circunstâncias semelhantes às de Freeland, disse que é insustentável para Trudeau continuar nesta altura.
A demissão de Freeland antes da apresentação da declaração económica, é ainda mais grave nesta altura em que o Canadá enfrenta a ameaça tarifária de Trump.
Alguns líderes da oposição já se manifestaram, como Pierre Poilievre, líder conservador, que disse que o governo está a ficar fora de controlo num momento em que o Canadá enfrenta uma série de desafios económicos e referiu necessidade de eleições antecipadas com urgência.
O líder do NDP, Jagmeet Singh, também afirmou que Trudeau deveria demitir-se, colocando todas as possibilidades de destituição em cima da mesa. O deputado Peter Julian, líder do NDP na Câmara, disse que o partido votará uma moção de censura no governo se Trudeau continuar como líder no ano novo.
A demissão da ministra das Finanças ocorreu momentos depois de o ministro da Habitação, Sean Fraser, ter anunciado que não será mais candidato, em adição a seis outros ministros que comunicaram a Trudeau, nas últimas semanas, que também não vão disputar as próximas eleições.
O deputado Randy Boissonnault, antigo ministro do Emprego de Trudeau, também se demitiu, no meio de um escândalo relacionado com as suas alegações de ascendência indígena e negócios.
Com estas saídas, combinadas com a demissão de Freeland, há agora oito lugares no Governo que têm de ser preenchidos a curto prazo.
Para fazer face à saída de Freeland, Trudeau nomeou o amigo de infância Dominic LeBlanc como novo ministro das Finanças, como forma de tentar restaurar a confiança e estabilidade do gabinete. LeBlanc já tinha sido encarregue de redigir o plano de fronteira de mil milhões de dólares do governo para apaziguar as preocupações americanas sobre drogas e migrantes que entram nos Estados Unidos da América (EUA) vindos do Canadá
LeBlanc acrescentou que apesar das dúvidas sobre o futuro de Trudeau, o primeiro-ministro está concentrado em resolver os problemas persistentes de acessibilidade e custo de vida – e em lidar com a próxima administração Trump.
Trudeau, até ao fecho desta peça, não reagiu formalmente, tendo apenas expressado em eventos onde esteve presente que o dia 16 foi um dia difícil.