Associação ambientalista Zero propõe alternativa para um milhão de toneladas de lixo urbano
Associação ambientalista Zero propõe alternativa para um milhão de toneladas de lixo urbano
Lisboa, 03 jan 2025 (Lusa) – A associação ambientalista Zero propôs hoje o desvio em três anos de um milhão de toneladas de lixo urbano destinadas a aterro para unidades de separação mecânica e tratamento biológico.
A proposta, expressa em comunicado, surge depois de em novembro de 2024 o Governo ter criado por despacho um grupo de trabalho para desenvolver um plano de emergência de aterros e uma estratégia a médio prazo para a gestão do lixo urbano e não urbano.
De acordo com o despacho, publicado em 26 de novembro, o grupo de trabalho terá de apresentar um relatório de avaliação com propostas até 31 de janeiro próximo.
Segundo a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, um milhão de toneladas de lixo urbano poderia em três anos ter como destino alternativo ao aterro as unidades de tratamento mecânico e biológico.
Estas unidades, que, de acordo com a associação, deveriam ser melhoradas e em maior número, permitem separar o lixo orgânico (como restos de comida) de outros resíduos (como plástico, metal, cartão e vidro, que podem ser reciclados).
O lixo orgânico é depois tratado por compostagem ou digestão anaeróbica, viabilizando a produção de biometano, um combustível limpo e renovável.
Realçando as vantagens destas unidades face à incineração, a Zero aponta a redução de custos, a eficiência energética, a produção de biometano e a diminuição de emissões poluentes.
Complementarmente, a Zero propõe o aumento da reciclagem do lixo, no mínimo para o dobro num prazo de cinco anos, com o alargamento da recolha seletiva porta-a-porta e com contentores de proximidade com acesso condicionado nas ruas.
Segundo o despacho governamental, Portugal colocou em 2022 em aterro cerca de 2,9 milhões de toneladas de lixo urbano.
A meta imposta ao país pela União Europeia para 2035 é a deposição de cerca de 500 mil toneladas, “no pressuposto de que a produção de resíduos se mantém constante”.
“Para atingir a referida meta, torna-se, assim, necessário assegurar o desvio de 2,4 milhões de toneladas de resíduos em seis anos”, assinala o despacho, alertando, com base em estudos, para o “esgotamento da capacidade de deposição existente já a partir de 2027, caso não seja possível efetuar ampliações e/ou reengenharia de aterros e/ou garantir novas localizações para aterros”.
Um dos objetivos do grupo de trabalho criado pelo Governo será “avaliar, propor e desenvolver um modelo de sistema de benefícios destinados aos municípios que acolham no seu território aterros (urbanos e não urbanos) ou outras infraestruturas de tratamento de resíduos (triagens, valorizações orgânicas, unidades de tratamento mecânico e biológico, unidades de produção de combustível derivado de resíduos, novas linhas de valorização energética)”.
Caberá ainda ao grupo de trabalho “acompanhar os processos de licenciamento de operações de aumento e otimização da capacidade de aterros, incluindo soluções de reengenharia (aumento de cotas, reperfilamentos de taludes), construção de novas células e construção de novos aterros”.
ER // JMR
Lusa/Fim
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