China lança maior emissão de obrigações de sempre em Hong Kong para apoiar moeda
China lança maior emissão de obrigações de sempre em Hong Kong para apoiar moeda
Pequim, 09 dez 2025 (Lusa) — A China vai lançar uma emissão de obrigações no valor de 60 mil milhões de yuan (7,93 mil milhões de euros), a maior realizada através de Hong Kong, para apoiar o câmbio do renmimbi.
Num comunicado publicado hoje, a Autoridade Monetária de Hong Kong, o regulador financeiro da região semiautónoma chinesa, anunciou que estas obrigações terão uma maturidade de seis meses.
A agência de notícias financeiras Bloomberg notou que este é um número recorde em leilões deste tipo realizados pelo banco central da China através da antiga colónia britânica, desde que começaram em 2018, e salientou que a instituição vai absorver a quantidade de yuan atualmente disponível no mercado, gerando assim procura pela moeda.
“A absorção de liquidez provavelmente limitará o financiamento ‘offshore’ de yuan no curto prazo, mas a força do dólar [norte-americano] e as incertezas tarifárias contínuas provavelmente continuarão a pressionar o yuan [nome comum do renmimbi, a moeda chinesa] para baixo”, disse Wee Khoon Chong, analista do banco de investimento BNY, citado pela Bloomberg.
O banco central da China não recorre a emissões de obrigações para apoiar a moeda desde 2023, e as previsões de liquidez apertada em Hong Kong fizeram com que os custos de financiamento do renmimbi atingissem o valor mais elevado desde meados de 2021.
Nos últimos meses, o banco central chinês fixou repetidamente taxas de câmbio oficiais mais fortes do que o previsto – em relação às quais a taxa ‘onshore’, a que é transacionada nos mercados chineses, só pode flutuar num máximo de 2% por dia – para defender a moeda, tornando também público o compromisso de manter a estabilidade cambial.
Esta semana, o renmimbi esteve muito perto de cair para o valor mais baixo desde finais de 2007.
Desde meados de 2024 até ao final de setembro, o valor da moeda chinesa registou tendência ascendente, devido às expectativas de cortes nas taxas de juro nos Estados Unidos e de um prolongamento significativo das medidas de apoio à economia chinesa, face a uma recuperação aquém do esperado após a pandemia da covid-19.
No entanto, a curva inverteu-se perante a desilusão dos investidores com as medidas de estímulo anunciadas por Pequim e a vitória eleitoral nos EUA do republicano Donald Trump, que iniciou em 2018 uma guerra comercial contra a China, durante o seu primeiro mandato (2017-2021), e prometeu impor novas taxas alfandegárias sobre as importações do país asiático.
Os analistas estimam que Pequim permitirá uma depreciação do renmimbi para amortecer o impacto da subida das taxas.
A Oxford Economics estimou que a China permitirá uma depreciação entre 20% e 25% no caso de Trump cumprir a sua promessa de aumentar as taxas para 60%, embora veja um cenário mais realista de as taxas subirem da média atual de 17% para 30%, o que se traduziria numa perda de valor entre 6% e 8% para a moeda chinesa.
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Lusa/Fim
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