Terramoto de 2010 no Haiti que matou mais de 250 mil pessoas deixou sequelas permanentes
Terramoto de 2010 no Haiti que matou mais de 250 mil pessoas deixou sequelas permanentes
Port-au-Prince, 12 jan 2025 (Lusa) – Quinze anos depois do terramoto que vitimou mais de 250 mil pessoas e desalojou mais de 1,3 milhões no Haiti, em 2010, as consequências económicas e sociais continuam a fazer-se sentir.
Eram 16:45 da tarde de 12 de janeiro de 2010 quando um terramoto de 7,3 graus na escala de Richter atingiu e devastou o Haiti. Apesar da década e meia que passou desde então, as condições de vida da população não só não melhoraram, como muitas vezes pioraram, e a insegurança está a travar qualquer tentativa de desenvolvimento.
De acordo com a reportagem da agência espanhola de notícias, a EFE, assinada pelo jornalista Milo Milfort, este pequeno país na América Central está mergulhado numa crise sociopolítica, económica e humanitária sem precedentes, caracterizada por uma violência crescente dos bandos armados, uma fuga maciça de cérebros, uma insegurança alimentar crescente, dificuldades em encontrar uma habitação decente e uma vulnerabilidade cada vez maior às catástrofes naturais.
Nos últimos quinze anos, o Haiti foi vítima de furacões que ceifaram dezenas de vidas, de uma instabilidade política que incluiu o homicídio do Presidente Jovenel Moise, em 2021, de uma crise de segurança com milhares de mortos e de terramotos com centenas de vítimas.
Os desastres naturais, combinados com as catástrofes humanitárias e políticas, mergulharam o Haiti, o país mais pobre das Américas e onde 5,4 milhões de pessoas, metade da população, lutam para se alimentar todos os dias, num ciclo de pobreza extrema.
Os campos de pessoas deslocadas pelo terramoto estão a ser transformados em novas aldeias ou bairros, as casas temporárias estão a tornar-se permanentes e os milhares de casas prometidas pelas autoridades nunca foram construídas, pelo que, nos últimos anos, aos campos para as vítimas do terramoto juntaram-se abrigos para os que fogem das suas casas porque os seus bairros foram invadidos por bandos armados.
Se, após o terramoto, algumas dezenas de bandos operavam em zonas específicas como Cité-Soleil, La Saline e Fortouron, hoje em dia existem entre 200 e 300 grupos armados espalhados por todo o Haiti, especialmente na área metropolitana de Port-au-Prince, que controla pelo menos 85% da região.
Inicialmente financiados por membros da elite política e económica que lhes forneciam armas, munições e dinheiro, ao longo do tempo e especialmente nos últimos anos, os bandos tornaram-se autofinanciados através de raptos, extorsões e portagens.
Quinze anos depois do dia 12 de janeiro, o centro de Port-au-Prince continua devastado, mas agora pelos bandos e pelos seus ataques, pelos seus milhares de mortos e feridos, pelos incêndios, deixando antever um futuro difícil para os quase 5,5 milhões de habitantes.
MBA // MAG
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